sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Eles, Os Povos Indígenas

Os povos indígenas somam mais de 370 milhões de pessoas, o equivalente a 120% da população dos Estados Unidos, falam 4.000 dos 7.000 idiomas existentes no mundo, contribuem extensivamente para a diversidade cultural da humanidade e conhecem como ninguém a Terra, como preservar a água, o solo, a biodiversidade e o ciclo completo do ciclo de vida .

Ainda assim, foram deliberadamente submetidos à pobreza, excluídos, oprimidos e exterminados. Suas terras contém os recursos minerais, flora e fauna mais preciosos e comercialmente lucrativos e, por isso, foram fisicamente erradicados por políticos e magnatas que os consideram obstáculos à sua ganância insaciável.

Eles correspondem a um terço dos mais pobres do mundo e vivem em condições sub-humanas em todos os países. A pesquisa da ONU revela uma estatística alarmante sobre pobreza, saúde, educação, emprego, direitos humanos, meio ambiente e muitas outras questões.

Suas vidas e sofrimentos nunca foram notícias de destaque, ninguém fala sobre eles, já que o mundo está ocupado em resgatar os grandes bancos privados e corporações. Hollywood já lucrou muito mostrando-os como seres violentos, néscios, primitivos, de “má índole” em contraste com os brancos “bons” cowboys, xerifes e comandantes militares que conseguem exterminá-los.

Descrevendo os “Desalojados”

Eles são chamados de povos indígenas, os verdadeiros e reais soberanos de imensas terras e culturas que foram metodicamente tomadas por colonizadores estrangeiros, violentos e armados que vieram de longe para se apossarem de seus recursos, conhecimentos e vidas.

A ONU elabora muito bem estudos e realidades das comunidades indígenas.

Segundo a ONU, as comunidades indígenas enfrentam uma “discriminação sistêmica e exclusão do poder político e econômico; eles continuam a ser sobre representados entre os mais pobres, analfabetos e necessitados; eles são desalojados por motivos de guerras e desastres ambientais; expulso das terras de seus ancestrais e privados de seus recursos para sobreviverem, tanto física como culturalmente; deles foi roubado o direito à vida”.

Acrescente-se a isso que “nas visões mais modernas de exploração de mercado, as expressões culturais e tradicionais dos povos indígenas estão sendo comercializados e patenteados sem seu consentimento ou participação”.

Dedicando um “Fórum” aos excluídos

Após décadas de discussões extensas e caras, as Nações Unidas decidiram "reconhecê-los" e estabelecer uma nova "reserva denominada "Fórum Permanente das Nações Unidas sobre as Questões Indígenas das Nações Unidas”. Vejam bem, questões.

O mundo foi tão generoso para com eles, que lhes deram a chance de ter uma Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas, que será realizada em 2014. Seguindo o estilo do homem branco, a ONU também lhes dará a oportunidade de um encontro entre os dias 7 e 18 de maio de 2012 na sede da ONU em Nova York para tratar das questões indígenas..

Alguns fatos sobre os“Índios”

Os fatos abordados em “Estado dos Povos Indígenas do Mundo” da ONU em 2010http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/SOWIP_web.pdfsão estarrecedores. Enumeramos alguns:
  • Nos Estados Unidos, um nativo americano é 600 vezes mais suscetível a contrair tuberculose e 62% a cometer suicídio do que a população em geral.
  • Na Austrália, uma criança indígena tem a expectativa de vier 20 menos mais cedo do que seu compatriota não indígena. Essa diferença também se reflete na Austrália, caindo para 13 na Guatemala e 11 na Nova Zelândia.
  • Em certas áreas do Equador, os indígenas correm o risco de contrair câncer de garganta 30 vezes mais do que a média nacional.
  • E no mundo, mais de 50 por cento de adultos indígenas sofrem de diabete tipo 2, um número que tende a crescer.
Uma realidade estarrecedora

Estas são apenas algumas das estatísticas estarrecedoras apresentadas na primeira publicação sobre as Condições dos Povos Indígenas do Mundo, que a ONU generosamente considera como “uma avaliação completa da situação das comunidades indígenas no campo da saúde, pobreza, educação e direitos humanos”.

O relatório aponta que a população indígena é de aproximadamente 370 milhões, o que corresponde a 5% do total mundial, “eles compõem cerca de um terço das 900 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza em áreas rurais”.

E acrescenta que “todos os dias, as comunidades indígenas de todo o mundo sofrem com a violência e brutalidade, políticas de assimilação continuada, desapropriação de terras, marginalização, remoção ou realocação forçada, não reconhecimento dos direitos sobre a terra, impactos causados pelo desenvolvimento em larga escala, abusos de forças militares e uma série de outras práticas abusiva.”

“Situação Alarmante na Saúde”

As estatísticas publicadas ilustram a gravidade da situação tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento.

Nutrição precária, acesso limitado a cuidados médicos, falta de recursos essenciais para a manutenção da saúde e bem-estar além da contaminação dos recursos naturais são fatores que contribuem para o estado estarrecedor da saúde da população indígena do mundo.

De acordo com o relatório:
  • A expectativa de vida de povos indígenas chega a apresentar uma discrepância de 20 anos a menos em comparação com os não indígenas.
  • Os povos indígenas ainda apresentam altos índices de mortalidade infantil e materna, desnutrição, doenças cardiovasculares, HIV/AIDS e outras doenças infecciosas como a malária e a tuberculose.
  • Os índices de suicídio na comunidade indígena, particularmente entre os jovens, são consideravelmente mais altos em muitos países, por exemplo, no Canadá os Inuit apresentam um índice 11 vezes maior que a média nacional.
“Alguns Recursos”

Certamente, a assim denominada comunidade internacional os ajudou. Na verdade, o sistema das Nações Unidas definiu “alguns recursos” que são “destinados especificamente para os povos indígenas.”

Segundo a ONU, “Alguns desses recursos são destinados a dar suporte financeiro à participação de povos indígenas nas reuniões da ONU, enquanto outros recursos são destinados para pequenos projetos”.

Além desses recursos, “há muitos doadores que financiam a participação da comunidade indígena no Fórum e em outras atividades..” Sem comentário.


Pressenza - Internacional Press Agency
Por: Human Wrongs Watch, 12/17/11

*Nascido no Egito, Baher Kamal é cidadão espanhol, secular, jornalista pacifista e analista especializado em assuntos internacionais e desenvolvimento humano. Ele é editor e redator de Human Wrongs Watch. Este artigo pode ser reproduzido, mantendo inalterados o link para: Human Wrongs Watch

Relacionado a: www.un.org http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/index.html| 2011 Human Wrongs Watchhttp://human-wrongs-watch.net/

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